Equilíbrio financeiro no futebol e nas ligas esportivas americanas

Conheça a diferença entre o Fair Play Financeiro e o Salary Cap, analisando suas implementações no futebol e nas ligas esportivas americanas, e como essas estratégias regulam o equilíbrio econômico e competitivo.

Equilíbrio financeiro no futebol e nas ligas esportivas americanas

Flamengo e Palmeiras dominam economicamente o futebol brasileiro, resultado de decisões que seus gestores tomaram há mais de dez anos.

É comum os debates sobre como as demais equipes devem enfrentar esse domínio. Recentemente acompanhei uma discussão onde um debatedor defendia a necessidade de frear as contratações do Flamengo, para equilibrar o futebol brasileiro, com a adoção do Fair Play Financeiro. Um equívoco claro do que é esse mecanismo.

O que temos hoje é resultado de decisões tomadas há muitos anos, para o bem e para o mal. Para contribuir com a discussão, mostro nesse artigo o funcionamento das ligas esportivas americanas, que têm no equilíbrio esportivo uma de suas principais preocupações.

Também mostro um pouco da história da gestão econômica das equipe de futebol profissional, o Fair Play Financeiro utilizado na Europa e a solução adotada no Brasil para lidar com os constantes prejuízos dos clubes esportivos.

E discuto o impacto dessas regras na gestão dos elencos esportivos. O torcedor brasileiro vê o futebol com muita paixão. E a paixão nem sempre é boa conselheira para a tomada de decisões de gestão. Espero que esse artigo possa contribuir nessa percepção.

As ligas esportivas americanas

O esporte faz parte da cultura americana. As crianças são apresentadas a diversas modalidades esportivas desde os anos iniciais da vida escolar.

Pesquisa recente do Gallup mostra que Futebol Americano (41%), Beisebol (10%), Basquete (9%) e Futebol (5%) são os esportes favoritos nos Estados Unidos. Os campeonatos escolares de futebol americano lotam estádios ao redor do país e os jogos na sexta feira à noite fazem parte da tradição americana. Os Sábados de Outono são reservados para as partidas das equipes universitárias que lotam estádios com mais de cem mil lugares.

No esporte escolar e universitário os atletas são amadores e não podem ser pagos para competir. Os melhores atletas são atraídos pelas universidades com bolsas de estudo e com a chance de serem vistos e conseguirem um contrato profissional no futuro. Recentemente os atletas universitários ganharam mais liberdade e podem ser remunerados pelo uso de suas imagens. E há um esforço para manter o espírito de esporte amador.

O esporte profissional americano é baseado no sistema de ligas e franquias. As três principais ligas são a NFL (National Football League), a NBA (National Basketball Association) e a MLB (Major League Baseball). Cada equipe é uma franquia, de propriedade privada. As equipes são proprietárias das ligas, coletivamente, e elegem um profissional para gerir a liga. Roger Goodell é o comissário da NFL, Adam Silver da NBA e Rob Manfred da MLB.

A MLB e a NBA possuem ligas de desenvolvimento, as Minor Leagues. Essas ligas são usadas para o desenvolvimento dos jogadores novatos ou para acomodar os jogadores que não conseguiram espaço nas ligas principais. E não há um sistema de rebaixamento ou acensão das equipes entre as ligas menores e as ligas principais.

Anualmente as ligas profissionais escolhem novos jogadores entre os atletas universitários. Essa seleção é organizada de maneira a aumentar a competitividade, com as equipes com piores colocação na temporada anterior tendo prioridade na seleção dos melhores atletas.

O objetivo da liga e das franquias é obter lucro através do sucesso esportivo. O esporte, para os proprietários das franquias, é um negócio.

Teto salarial e passe livre

Entre as diversas regras das ligas americanas o teto salarial (Salary Cap) se destaca, junto com o passe livre (Free Agency). E essas duas questões nasceram juntas. Na NFL o passe livre entrou em vigor em 1993 e o teto salarial em 1994.

O teto salarial estipula uma quantia máxima que cada equipe pode gastar com a remuneração do seu elenco. O objetivo é garantir a competitividade entre as equipes, equilibrando os talentos.

A NFL usa o teto salarial restrito (Hard Salary Cap). As equipes são obrigadas a cumprir o teto e as falhas são severamente punidas.

A NBA usa o teto salarial flexivel (Soft Salary Cap) e a taxa de luxo (Luxury Tax). O teto flexível prevê que as equipes devem cumprir o teto e serão multadas se não conseguirem. As multas são conhecidas antes.

A taxa de luxo é um valor pago pelas franquias que gastam acima de um limite. Quanto maior o gasto, maior a taxa. Esse taxa é paga para a liga e revertida para ações de desenvolvimento do esporte, para as ligas menores ou para as equipes que faturam menos.

A MLB não usa teto salarial. Para garantir a competitividade usa a taxa de luxo e o compartilhamento de receita. As equipes que faturam mais destinam uma parte do que ganham para dividir com as equipes que faturam menos. Quem fatura mais, paga mais. Quem fatura menos, recebe mais.

É comum uma franquia montar uma boa equipe com boa seleção de calouros. Esses atletas se desenvolvem juntos, a equipe se destaca esportivamente e os atletas ganham notoriedade. E na renovação dos contratos desses atletas a franquia não consegue manter todos por causa do teto salarial.

Uma maneira de medir a efetividade dessas medidas na competitividade é analisar a quantidade de equipes que conquistam o título em anos consecutivos.

Na NFL, antes do teto salarial uma equipe repetia o título a cada 4,1 anos. Depois do teto, uma vez a cada 10 anos.

Na MLB, antes da taxa de luxo, havia repetição da equipe campeã a cada 4,8 anos. Depois da taxa, a cada 13,5 anos.

Na NBA, os títulos se repetem a cada 3,3 anos, tanto sem o teto salarial quanto com o teto salarial.

Essas regras são discutidas entre a liga e o sindicato dos atletas. Uma das lutas dos atletas é garantir que uma boa parcela da receita da liga seja paga aos atletas. A liga, para aumentar o lucro, busca o contrário. Historicamente, os salários da NFL representam 67,6% da receita. Na MLB e na NBA esse número é de 58%. No caso da MLB, a liga paga os salários dos jogadores das ligas menores, um gasto adicional de 6,2% da receita. A soma de 64,2% deixa a MLB próxima da NFL.

O futebol profissional

A Europa concentra as competições de futebol de maior faturamento. A Premier League, da Inglaterra, faturou R$ 35,7B na temporada 2022/2023. A Bundesliga, da Alemanha, R$ 19,2B. La Liga, da Espanha, R$ 17,8B. A Série A, da Itália, R$ 14,1B. A Ligue 1, da França, 11,3B.

Para comparação, 31 das 40 equipes das séries A e B do Campeonato Brasileiro faturaram R$ 11,1B em 2023, segundo um levantamento do UOL. Sem contar as transferências, esse valor cai para R$ 8,7B.

Nesses países as competições são organizadas em divisões, com rebaixamento e acenso de equipes entre essas divisões. Na divisão principal, são de 18 a 20 equipes, e 3 ou 4 delas são rebaixadas para a divisão inferior a cada temporada, substituídas pelas equipes melhores colocadas naquela divisão.

Além do título, as equipes também disputam vagas nas competições continentais, organizadas pela UEFA na Europa e pela Conmebol na América do Sul.

Pela possibilidade de disputar uma competição internacional, pelo risco de cair para uma série inferior ou pela premiação proporcional, cada posição na classificação tem um impacto financeiro significativo. Isso faz com que todas as partidas sejam importantes e garante a competitividade e a atratividade desses jogos para os fãs.

As equipes de futebol são organizadas em clube associativo ou clube empresa. No modelo associativo, os sócios do clube não são donos do patrimônio do clube. No modelo empresarial, os sócios são proprietários do clube, como em qualquer empresa.

No modelo associativo os gestores do clube são eleitos entre os sócios. Os sócios e principalmente os torcedores avaliam os dirigentes mais pelo seu desempenho esportivo do que econômico. Quem sofre o impacto financeiro das decisões é a associação. Isso incentiva os dirigentes a tomarem decisões mais arriscadas em busca de ganhos esportivos de curto prazo.

Alguns desses dirigentes possuem grandes fortunas, assumem a gestão da equipe esportiva como um projeto pessoal e aportam recursos próprios nas equipes. Mesmo nos clubes empresariais há casos como esse. A maioria dos clubes de futebol apresenta prejuízo ao final da temporada.

O Fair Play Financeiro

Em 2009 a UEFA adotou o Fair Play Financeiro para o futebol com o objetivo de garantir a sustentabilidade das equipes esportivas, que lidavam com prejuízos crescentes. Em 2009 as perdas dos clubes foram de 1,6 bilhões de Euros.

As regras da UEFA limitaram o prejuízo máximo das equipes, o aporte de recursos pelos dirigentes ou suas empresas, o endividamento máximo e a diferença entre os valores de compra e venda de jogadores. Também exigiram patrimônio líquido positivo e o parecer de uma auditoria externa atestando que o clube não apresenta risco de falência.

A premissa básica do Fair Play Financeiro é de que cada equipe limite seus gastos ao que arrecada. As equipes resistem a ele pois entendem que isso perpetua o domínio dos grandes clubes, que possuem maiores receitas, podem gastar mais, montam equipes com os melhores jogadores e ganham os títulos que os manterão grandes.

Poucos dirigentes tomariam a decisão de cortar os gastos e colocar as finanças em ordem voluntariamente. Por isso as regras foram necessárias.

As medidas fizeram efeito e em 2018 as equipes tiveram um lucro de 140 milhões de Euros. A pandemia reverteu esse cenário e causou um prejuízo de 7 bilhões de Euros aos clubes europeus.

Após a pandemia, a UEFA determinou uma nova regulamentação, aprimorando a anterior. Pela primeira vez há um limite para os gastos com salários dos atletas, treinadores, transferências e honorários de agentes. Esse limite foi de 90% para a temporada 2023/2024, será de 80% para a temporada 2024/2025 e de 70% a partir da temporada 2025/2026.

As regras não são perfeitas e há casos de equipes que as burlam para conquistar desempenho esportivo de curto prazo.

O Manchester City foi punido em 2020 pois o proprietário do clube inflou o patrocínio que a equipe recebia com recursos próprios. A punição de afastamento de dois anos das competições europeias e multa de 60 milhões de euros foi depois revertida pelo Tribunal Arbitral do Esporte (CAS).

O PSG só não foi punido pelo mesmo motivo porque a UEFA perdeu os prazos para impor as sanções.

SAF: a solução brasileira

Com grandes equipes do futebol brasileiro à beira da falência e com o adiamento da implantação das regras do Fair Play Financeiro estabelecidas pela CBF, a solução veio do Congresso Nacional na forma da Lei da SAF (Sociedade Anônima do Futebol).

A lei prevê que uma nova empresa seja criada para gerir o futebol profissional e que as dívidas anteriores continuem com o clube associativo.

As dívidas serão pagas com repasse de 20% da receita recorrente da nova empresa, em um Regime Centralizado de Execuções. Pelo menos 60% da dívida deve ser paga em 6 anos. Se isso for cumprido, a lei prevê mais 4 anos para o pagamento dos 40% restantes. Os pagamentos respeitam uma fila de credores, com prioridade para os mais idosos e dividas menores, entre outros critérios.

A premissa da Lei da SAF é a criação de uma empresa saudável sem o peso das dívidas e com uma gestão que vai respeitar as boas práticas de gestão econômica e financeira, garantindo os empregos e os tributos oriundos do futebol.

As primeiras SAF no futebol brasileiro foram o Cruzeiro, com o ex jogador Ronaldo adquirindo 90% das ações, o Botafogo, com o empresário John Textor adquirindo 80% das ações, e o Vasco, com a 777 Partners adquirindo 70% das ações.

No Cruzeiro, Ronaldo revendeu a SAF para o empresário Pedro Lourenço. No Botafogo, John Textor segue à frente e o clube que esteve à beira da falência está entre os primeiros colocados do Campeonato Brasileiro de 2024 após 12 rodadas e vai jogar as oitavas de finais da Libertadores contra o Palmeiras. No Vasco, o clube associativo afastou, através de decisão liminar, a 777 Partners e reassumiu o controle da SAF.

Gestão financeira nas equipes brasileiras

Poucas equipes brasileiras apresentam uma gestão financeira adequada às boas práticas.

Segundo o levantamento do Economista Cesar Grafietti publicado no Relatório Convocados 2024, apenas 7 das 20 equipes da série A atingiram EBITDA recorrente positivo em 2023: Flamengo, RB Bragantino, Corinthians, Grêmio, Palmeiras, Cuiabá e Athletico Paranaense.

A dívida líquida das 20 equipes da Séria A somaram R$ 11,7 bilhões no final de 2023. No topo da lista está o Corinthians, com R$ 1,9 bilhões. Em seguida o Botafogo, com R$ 1,3 bilhões. O Atlético MG vem logo em terceiro, com R$ 1 bilhão. Botafogo e Atlético escolheram o caminho da SAF e o Corinthians aposta na nova gestão que assumiu no início de 2024.

Nos últimos 10 anos os campeões brasileiros foram Cruzeiro (2014), Corinthians (2015), Palmeiras (2016), Corinthians (2017), Palmeiras (2018), Flamengo (2019), Flamengo (2020), Atlético MG (2021), Palmeiras (2022) e Palmeiras (2023).

Os campeões da Copa do Brasil nos últimos 10 anos: Atlético MG (2014), Palmeiras (2015), Grêmio (2016), Cruzeiro (2017), Cruzeiro (2018), Athletico Paranaense (2019), Palmeiras (2020), Atlético MG (2021), Flamengo (2022) e São Paulo (2023).

As equipes brasileiras que conquistaram a Libertadores nos últimos 10 anos: Grêmio (2017), Flamengo (2019), Palmeiras (2020), Palmeiras (2021), Flamengo (2022) e Fluminense (2023).

Presença constante na lista dos campeões, Palmeiras e Flamengo passaram por períodos de ajuste nas suas finanças.

O Palmeiras iniciou esse processo em 2013, quando disputou e venceu a Série B. Liderado por Paulo Nobre, presidente que emprestou dinheiro para o clube a juros baixos, a equipe contou com o importante patrocínio da Crefisa de Leila Pereira, atual presidente, e com a construção do Allianz Parque em parceria com a WTorre.

O Flamengo também iniciou sua virada em 2013, quando Bandeira de Mello assumiu a presidência do clube com uma política de redução de custos e gestão profissional. Apesar da Copa do Brasil em 2013 e do Campeonato Carioca de 2014, a torcida teve que suportar um longo período sem títulos, até a fase vitoriosa que começou em 2019.

Palmeiras e Flamengo lideram os diversos rankings econômicos do futebol brasileiro e mostram o caminho para outras equipes.

Grêmio e Athletico Paranaense também fizeram o dever de casa e colhem os frutos. O rebaixamento da equipe de Porto Alegre em 2021 mostra que apenas a boa gestão econômica não é garantia de resultado esportivo.

Também merecem destaque pela boa gestão o Fortaleza e o Cuiabá, equipes que vieram das séries inferiores e estão há alguns anos na Série A.

Gestão do elenco esportivo

A montagem do elenco de uma equipe esportiva não é uma ciência exata. Envolve tomar decisões no presente baseadas na expectativa de desempenho futuro dos atletas, que pode ou não se confirmar.

A NFL, com sua política de teto salarial restrito, e com praticamente todas as equipes usando 100% do teto, é um bom campo de estudo para os efeitos das diferentes abordagens de gestão de elencos.

O San Francisco 49ers conquistou seu quinto título do Super Bowl justamente no primeiro ano do teto de gastos. Com o elenco repleto de veteranos de sucesso, a equipe não conseguiu manter a competitividade nos anos seguintes. Em 2017 a equipe contratou John Lynch como diretor geral e Kyle Shanahan como treinador principal. A dupla apostou no trabalho de análise detalhada dos jogadores do esporte universitário e montou uma equipe muito competitiva a partir dos calouros.

Sob essa nova gestão esportiva, San Francisco chegou a quatro finais de conferência e dois Super Bowl, com duas derrotas para o Kansas City Chiefs em 2020 e 2024. O desafio atual é manter os calouros, na renovação dos seus contratos, especialmente o quarterback Brock Purdy que está sob contrato de calouro e provavelmente será o jogador mais bem pago da liga no próximo ano.

O Kansas City Chiefs também faz um bom trabalho de avaliação dos jogadores universitários, o que os fez escolher Patrick Mahomes como quarterback na décima escolha de 2017. Ele liderou a equipe a 3 títulos de Super Bowl: 2020, 2023 e 2024.

Entre os vários quesitos considerados nas decisões de montagem de um elenco esportivo, duas merecem um destaque. A primeira é como lidar com o envelhecimento do atleta. Ao redor dos vinte e oito anos o atleta está no seu auge físico e esportivo. Valorizado no mercado, sua renovação custará caro à equipe. Mas por quanto tempo ele continuará entregando alto desempenho?

A outra é como lidar com o comportamento do atleta. Atletas de sucesso podem esperar tratamento especial da equipe. E se receberem esse tratamento, isso pode afetar o chamado “clima do vestiário”.

Em Março o 49ers dispensou o jogador Arik Armstead, de 30 anos. Atuando na linha defensiva, o jogador foi escolha de primeira rodada em 2015 e uma das estrelas da equipe nos últimos anos. Armstead recebeu boas ofertas no mercado, acima da capacidade da equipe, que enfrenta desafios na gestão do teto salarial.

Em Março de 2022 o Chiefs trocou seu melhor recebedor, Tyreek Hill, com o Miami Dolphins, em um contrato que fez dele o recebedor mais bem pago da história. As limitações de teto salarial da equipe, que acabara de renovar com seu quarterback Patrick Mahones um contrato de US$ 450 milhões, pesaram. E certamente seu desejo de ser a estrela da equipe, também.

No futebol, algumas equipes possuem uma filosofia de montagem de elenco claras. Real Madrid e Palmeiras, por exemplo, privilegiam jovens talentos e não se incomodam em ver grandes estrelas deixando a equipe quando a idade avança. Manchester City e Flamengo investem pesados em jogadores já consagrados e tratam com mais carinho a renovação dos seus astros.

Como não há uma única maneira vencedora de montar um elenco esportivo e nem todas as decisões serão acertadas, é comum que os gestores busquem soluções que possam impactar rapidamente o desempenho. Normalmente isso resulta em grandes contratações que empolgam os fãs. E muitas vezes fora da realidade econômica da equipe.

O que a história da gestão esportiva profissional mostra é que a consistência em seguir uma filosofia na tomada de decisões na montagem de um elenco esportivo trás resultados esportivos a médio prazo. E é isso que os torcedores deveriam cobrar dos dirigentes de suas equipes.

Foto de Liam McKay na Unsplash